terça-feira, 10 de maio de 2011

Primeira Estação: Olhos falantes.

Um momento que certamente nem a amnésia mais intensa conseguirá me apagar, é o de uma menina sentada no metro, a qual mantinha o olhar fixo no meu, até que nossos olhares se tornaram apenas um olhar… Mesmo que ela estivesse sentindo a maior dor de sua vida, ela não chorava, apenas para não ter de piscar e quem sabe perder algum milésimo de segundo importante do nosso olhar.

- Não sei, sempre fui louca pela Inglaterra. Mas dessa vez, se eu for, ficarei por um longo tempo, por um longo tempo sem você.

Não saía da minha cabeça a ideia de que ela havia passado a ser a coisa mais importante da minha vida e estava pronta para partir. Mas preferi ser maduro e enxergar que essa viagem a faria muito bem…

- Você é louca, mas seria loucura demais ficar por mim, vá!

Só não a disse que o que fez eu me apaixonar por ela, foi sua loucura. Se ela me dissesse ”fico por você”, seria a loucura mais linda que alguém já poderia ter feito por mim, mas obviamente, isso não ocorreu.

Nesse momento eu não conseguia olhar para mais nada a não ser seus olhos lacrimejantes. Uma expressão totalmente insegura, a qual eu percebia pelo fato dela não saber onde por as mãos, tomou conta de nós dois. Ela nem estava falando muitas coisas, embora, Manoela sempre tenha sido uma pessoa de falar muito. Mas as vezes, falar e sentir são coisas inversamente proporcionais.

Eu a segurei pelo pulso, olhei firmemente nos olhos, pronto para dizer “eu te amo menina”, mas não disse. O lado bom é que nós sempre nos entendemos muito bem pelo olhar, logo, mesmo que ela não tivesse ouvido, sabia o que eu queria ter dito. Não é que eu não tivesse certeza do meu sentimento, é que eu sentia demais. Todavia, disso não reclamo, sentir sempre foi a coisa mais importante para mim. Então, ela me disse: ”Eu vou continuar pensando em você na maior parte do meu dia.”

- Você vai ver, não vai demorar muito, você voltará e em breve, estaremos juntos novamente, mais juntos do que nunca.

Eu pronunciei tais palavras, envolvendo-a em meus braços.

- É, meu metro chegou. Acho que é isso então, estou atrasada.

Ela me deu um beijo no rosto, entrou no metro, sentou-se e ficou a me olhar. Queria ter dado o maior abraço que já dei à alguém naquele momento, mas quando dei por mim, já existia uma barreira entre nós. É, mais uma fez o meu sentir me impossibilitou de fazer algo que eu queria. Sim, eu fiquei sem reação na hora em que a garota a qual me ensinou a conversar pelo olhar, partiu.


Nenhum comentário:

Postar um comentário